Com expansão contínua da capacidade industrial e aumento da produtividade do milho, Mato Grosso caminha para liderar a produção nacional de etanol. A avaliação é do presidente da Associação das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind-MT), Silvio Rangel, que projeta que o estado poderá superar São Paulo até 2034.
“A previsão é de que Mato Grosso atinja 14,35 bilhões de litros de etanol por volta de 2033/34, principalmente por conta do desenvolvimento do etanol de milho”, afirmou.
Na safra 2024/25, a produção mato-grossense alcançou 6,7 bilhões de litros de etanol, um avanço de 17,09% em relação ao ciclo anterior. Atualmente, o estado conta com 15 usinas em operação, número que deve chegar a 17 ainda nesta safra, com mais duas em construção e pelo menos outros três projetos em fase de desenvolvimento.
O avanço ocorre em sintonia com a expansão da produção de milho. Foram 12,5 milhões de toneladas processadas em 2024/25 e a previsão é de chegar a 13,32 milhões em 2025/26, o que deve elevar a produção para 7,03 bilhões de litros.
Apesar do crescimento consistente, o setor enfrenta desafios, principalmente na infraestrutura. “O etanolduto é um ponto-chave para que a gente possa realmente ter um desenvolvimento coordenado e conseguir levar esse etanol para os grandes centros consumidores”, apontou.
Além de facilitar a distribuição, a infraestrutura logística também pode reduzir os custos. “É muito importante para entregar ao consumidor um produto com menor custo”, acrescentou.
Do ponto de vista econômico, o impacto é significativo. O setor é o maior gerador de ICMS em Mato Grosso, arrecadando mais de R$ 2,5 bilhões ao ano, além de gerar mais de 10 mil empregos diretos, segundo o presidente da Bioind-MT.
O crescimento da produção de etanol de milho também estimula outras cadeias produtivas, como a de proteína animal. “Há uma forte integração com a produção de carne bovina, frango e outros alimentos”, disse Rangel. A utilização de subprodutos como o DDG (grão seco de destilaria) na alimentação animal é um exemplo dessa sinergia.
Com a possibilidade de atingir 80 milhões de toneladas de milho moídas por ano nos próximos dez anos, Silvio Rangel vê um ciclo de industrialização consolidando-se no estado. “Mato Grosso já é campeão em soja, milho, algodão, bovinos. Agora é o momento da agroindústria, e o etanol de milho está puxando esse novo ciclo de crescimento”, concluiu.
O estado de Mato Grosso produziu 6,7 bilhões de litros de etanol na safra 2024/25, um crescimento de 17,09% em relação ao ciclo anterior. Os dados constam no relatório de encerramento da safra elaborado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a pedido da Bioind-MT.
Com o resultado, o estado se manteve como o segundo maior produtor nacional de etanol, atrás apenas de São Paulo. Do volume total, 33,45% da produção foi de etanol anidro, com 2,24 bilhões de litros, e 66,55% de hidratado, com 4,46 bilhões de litros.
O desempenho mato-grossense superou com folga a média de crescimento nacional, que foi de 3,65%. Entre os maiores produtores, enquanto Mato Grosso do Sul avançou 8,67% e Goiás cresceu 2,63%, São Paulo registrou queda de 1,79% na produção, ainda que se mantenha líder, com 13,64 bilhões de litros.
O grande destaque da safra em Mato Grosso foi o etanol de milho cuja cadeia produtiva apresentou crescimento acelerado. A moagem do grão subiu 23,65%, totalizando 12,5 milhões de toneladas, e a produção de etanol de milho avançou 23,77%, chegando a 5,62 bilhões de litros. Isso equivale a 68,18% de toda a produção nacional de etanol de milho.
A cadeia do grão também gerou crescimento nos coprodutos: a produção de DDG e DDGS aumentou 28,28%, atingindo 2,72 milhões de toneladas, e a de óleo de milho cresceu 29,92%, com 257,5 mil toneladas.
“A indústria de etanol de milho tem demonstrado consistência em sua trajetória de expansão, integrando-se ao agro mato-grossense com ganhos em escala, tecnologia e sustentabilidade”, destacou o diretor executivo da Bioind-MT, Giuseppe Lobo.
Já o etanol de cana-de-açúcar teve retração. A moagem recuou 2,37%, somando 17,26 milhões de toneladas, e a produção caiu 8,63%, fechando em 1,08 bilhões de litros. Apesar disso, a produção de açúcar teve alta de 6,21%, atingindo 571,12 mil toneladas.
Leandro Silveira