Luiz Inácio Lula da Silva durante visita aos carros da GWM
O governo brasileiro, por meio da comitiva liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na China, assinou nesta segunda-feira, 12, um memorando de entendimentos com a Raízen e a companhia SAFPAC, de Hong Kong, para viabilizar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) na região Ásia-Pacífico.
A previsão é que o projeto seja desenvolvido em três fases, com produção inicial de 170 mil toneladas por ano entre 2025 e 2026, passando para 285 mil toneladas anuais entre 2027 e 2029 e chegando a 500 mil toneladas por ano de 2030 a 2033.
O acordo foi celebrado em meio às discussões sobre transição energética e contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O memorando estabelece as bases para uma parceria estratégica que prevê o fornecimento de etanol produzido pela Raízen, incluindo o de segunda geração (feito a partir do bagaço da cana-de-açúcar), como matéria-prima para a produção de SAF por meio da tecnologia alcohol-to-jet (ATJ), que transforma etanol em querosene renovável para aviação.
Embora ainda não envolva compromissos contratuais de compra e venda, o documento marca um aprofundamento das negociações comerciais e técnicas entre as empresas.
O acordo ainda inclui cláusulas rigorosas de confidencialidade, válidas por três anos após seu encerramento.
As partes se comprometeram a usar as informações compartilhadas exclusivamente para avaliar a viabilidade da parceria, proibindo a divulgação a terceiros, exceto para afiliados e representantes diretamente envolvidos no projeto.
O documento também estabelece que nenhuma das partes poderá reivindicar propriedade intelectual sobre tecnologias, marcas ou dados estratégicos da outra. Em caso de descumprimento, está prevista a possibilidade de responsabilização por perdas e danos.
Durante a viagem à China, o governo Lula também anunciou um pacote de investimentos de cerca de R$ 27 bilhões em novos projetos no Brasil. Os investimentos chineses estão distribuídos em diferentes setores.
A viagem de Lula à China busca fortalecer as relações comerciais entre os países, com foco na ampliação das exportações brasileiras. O governo brasileiro vê na guerra comercial entre Estados Unidos e China uma oportunidade para consolidar o Brasil como alternativa de fornecimento de produtos para o mercado chinês.
A ApexBrasil mapeou cerca de 400 oportunidades de negócios entre os países, especialmente no setor agropecuário.
Além disso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, integra a comitiva para negociar a redução de burocracias no registro de produtos biotecnológicos, facilitando exportações para a China.
Mariana Assis