O preço dos créditos de descarbonização (CBios), do programa RenovaBio, entraram em sua segunda quinzena consecutiva de queda. Nas duas primeiras semanas de dezembro, o valor dos créditos variou entre R$ 93,60 e R$ 80. O preço máximo e mínimo foram registrados, respectivamente, no primeiro e segundo dias do mês.

Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 1 mil. Neste ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 1 mil.

Os números fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela Bolsa de Valores Brasileira (B3), única entidade registradora do RenovaBio.

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De acordo com cálculos realizados pelo NovaCana a partir de dados da B3, os papéis foram negociados, em média, a R$ 85,76 na primeira metade de dezembro. O valor está 14% abaixo de novembro e corresponde à sua segunda queda depois de quatro aumentos consecutivos.

Ainda assim, o preço atual está 18,9% acima da média histórica do programa, de R$ 72,16. Ele também é 118,2% maior do que a média de 2021, de R$ 39,31. Entretanto, o valor está 23,6% abaixo da média de 2022, de R$ 112,25.

De acordo com a B3, 1,65 milhão de CBios foram negociados na quinzena, aumento de 4,5% em relação à anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração chegou a 61,7% – em dezembro de 2021 foram negociados 4,32 milhões de títulos.

“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.

Queda nas emissões

Com a entressafra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul cada vez mais próxima, o número de CBios emitidos apresentou queda no início de dezembro.

Nas duas primeiras semanas do mês, as usinas certificadas no RenovaBio escrituraram 921,07 mil créditos, retração de 55,1% em relação à quinzena anterior, quando foram emitidos 2,05 milhões de CBios. Em relação ao mesmo período de 2021, a queda foi de 12,2%.

Assim, o total de CBios emitidos até 15 de dezembro totalizou 29,44 milhões. Esse montante supera em 0,4% os 29,33 milhões de um ano antes e é equivalente a 81,3% da meta oficial de 2022, de 35,98 milhões de CBios.35,98 milhões de CBios.

Considerando também os estoques de anos anteriores, o total de créditos disponibilizados ao mercado sobe para 39,89 milhões, ultrapassando a meta anual em 10,9%.

Desde a implementação do RenovaBio até o momento, 78,92 milhões de CBios já foram emitidos.

De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 317 unidades participam do RenovaBio atualmente. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel.

Dentre as 282 usinas de etanol certificadas, 271 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; seis processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.

Posse e aposentadoria

No dia 15 de dezembro, 30,78 milhões de CBios estavam em circulação. Deste total, 75,4% estavam sob posse das distribuidoras com metas a cumprir, somando 23,23 milhões de CBios. Já 6,9 milhões, ou 22,7%, estavam com as usinas certificadas. Por fim, investidores sem metas detinham os 566 mil títulos restantes (1,8%).

Ao todo, 9,1 milhões de créditos já foram aposentados ao longo do ano, com 168,03 mil saindo de circulação apenas na última quinzena.

Conforme decreto do Ministério de Minas e Energia, as distribuidoras têm até 30 de setembro de 2023 para aposentar os volumes relativos aos seus objetivos individuais referentes a 2022. Já as obrigações de 2023 deverão ser entregues até 31 de março de 2024.

Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte das aposentadorias seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.

Giully Regina – NovaCana