Açúcar, etanol e energia: grande parte do mix de produtos das sucroenergéticas contém estes três itens. Como uma das buscas das empresas é justamente a diversificação da receita, aumentar a gama de produtos pode ser um caminho.
Atualmente, uma possibilidade que vem ganhando força é o biogás, utilizado para a geração de energia elétrica ou térmica e para a produção de biometano, combustível que pode substituir o diesel.
Obtido por meio de resíduos orgânicos, o biogás pode ser produzido a partir de diversas biomassas industriais e agroindustriais. No caso das usinas sucroenergéticas, há o emprego principalmente da vinhaça e da torta de filtro, embora também seja possível utilizar palhas e pontas da cana-de-açúcar.
Para dimensionar o potencial do produto, o diretor de negócios da SebigasCótica, Lorenzo Pianigiani, realizou um estudo baseado em uma usina hipotética padrão. A análise levou em conta uma capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas de cana por safra e um mix de produção dividido igualmente entre açúcar e etanol.
Ele detalha que uma usina nestes moldes teria uma produção de cerca de 1,3 milhões de toneladas de vinhaça e 110 mil toneladas de torta de filtro ao ano. A partir destes resíduos, é possível produzir 26,33 normal metro cúbico de biogás por ano: 18,86 milhões de Nm³ a partir da vinhaça e 7,47 milhões de Nm³ com a torta de filtro.
Se todo o biogás fosse direcionado para o biometano, a produção anual seria de 10 milhões de Nm³ com a vinhaça e 3,96 milhões de Nm³ com a torta de filtro, totalizando 13,96 milhões de Nm³. Este volume equivale a 12,69 milhões de litros de diesel. “É uma quantidade suficiente para cobrir o consumo da usina e ainda ter uma boa sobra para energia elétrica ou venda de biometano”, defende Pianigiani.
Já se o biogás fosse direcionado para a produção de energia elétrica, ele renderia anualmente 42,06 gigawatt-hora (GWh) com a vinhaça e 16,65 GWh com a torta de filtro, somando 58,71 GWh. O valor corresponde às potências instaladas de 8,8 MW e 1,9 MW, respectivamente.
Pianigiani destaca que o estudo levou em conta uma safra efetiva de 200 dias, período de aproveitamento da vinhaça, enquanto a torta de filtro seria no ano todo. “No caso de usinas flex, de cana e milho, há a geração de vinhaça também o ano todo, o que aumenta a viabilidade do projeto, reduzindo a ociosidade operacional na entressafra”, completa.
Confira, na versão completa, detalhes sobre o potencial do mercado de biogás, o funcionamento de uma planta, desafios e possibilidades no uso do produto, além de informações sobre os projetos em operação e em andamento.
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