Morreu, aos 90 anos, na manhã desta quinta-feira, 12, o ex-deputado federal e ex-usineiro João Lyra. Ele estava internado no Hospital MedRadius, em Maceió, lutando contra um quadro agudo de infecção por broncoaspiração, causado pela covid-19. Em junho, o político passou por uma cirurgia de apendicite e tratou uma pneumonia.
Lyra foi um dos homens mais ricos da Câmara dos Deputados, sendo dono de cinco usinas de cana-de-açúcar, três delas em Alagoas e duas em Minas Gerais, e de uma companhia de táxi-aéreo. Mesmo assim, seu império acabou indo à falência com uma dívida superior aos R$ 2 bilhões.
João José Pereira de Lyra nasceu no dia 17 de junho de 1931 em Recife (PE). Tornou-se bacharel em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e foi fundador e presidente do grupo João Lyra.
O grupo empresarial controlado pelo ex-usineiro chegou a empregar 17 mil pessoas no estado de Alagoas e um total de 26 mil, somando seus empregados em Minas Gerais.
Lyra é pai de Lourdinha Lyra, que foi vice-prefeita de Cícero Almeida, e de Thereza Collor, viúva de Pedro Collor e conhecida como “musa” do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, hoje senador. Um de seus irmãos também teve grande destaque no setor sucroenergético: Carlos Lyra, falecido em agosto de 2017.
Após uma passagem pelo PMDB, João Lyra migrou para o PSC e foi derrotado ao tentar a reeleição pelo recém-criado estado de Roraima em 1990. Foi eleito deputado federal pelo PTB em 2002 e candidato derrotado ao governo do estado em 2006, reelegeu-se deputado federal em 2010.
Em 4 de abril de 2016, foi divulgado pelo jornal El País que João Lyra tem contas em empresas offshores no exterior abertas pela companhia panamenha Mossack Fonseca, especializada em camuflar ativos usando companhias sediadas em paraísos fiscais.
A expectativa entre os credores da massa falida da usina Laginha é que o falecimento de João Lyra não provoque impacto no processo de pagamento das dívidas, pois a ação judicial já vinha sendo conduzida nos últimos anos pela filha Lourdinha Lyra, então curadora do empresário.
O provável é que ela se torne a inventariante e o processo siga o andamento regular. Neste momento, os credores aguardam a liberação de pouco mais de R$ 650 milhões, fruto de um precatório recebido pela Laginha há mais de um ano, e com determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) de envio à massa falida.
José Fernando Martins