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Jalles sofre com hedge cambial e sai de lucro para prejuízo de R$ 73,5 mi no 3º trimestre

Apesar da moagem maior, companhia de açúcar e etanol registrou resultado negativo, enquanto a receita aumentou 50% na comparação anual


AgFeed - Publicado: 13 Fev 2025 - 10:25

Se outras empresas paulistas de açúcar e etanol mostram resultados difíceis no âmbito operacional, em função da seca e das queimadas enfrentadas no estado, a Jalles tem outros motivos para preocupação. Mesmo com alta na moagem e na receita, o hedge cambial e um aumento nas despesas fizeram a empresa encerrar o terceiro trimestre da safra 2024/25 no vermelho.

A companhia encerrou o período de outubro a dezembro de 2024 com um prejuízo líquido de R$ 73,5 milhões, revertendo o lucro de R$ 75,8 milhões registrado no mesmo período da safra anterior.

Já a receita atingiu R$ 740,4 milhões, uma alta de 49,3% em relação ao terceiro trimestre de 2023. Segundo a Jalles, o avanço na receita ocorreu por uma comercialização maior de açúcar VHP, que cresceu mais de 250% no mercado externo.

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Somado a isso, de acordo com a empresa, houve uma “retomada da comercialização de etanol hidratado a preços 22,6% superiores ao ano anterior”. O prejuízo se explica por “perdas contábeis”.

A Jalles cita, no balanço, uma marcação a mercado dos contratos de hedge e derivativos utilizados pela companhia para proteção contra oscilações nos preços do açúcar, câmbio e da dívida.

No acumulado da safra, esses ajustes geraram um impacto negativo de R$ 325,3 milhões. Só no trimestre, o efeito foi de R$ 168,4 milhões, influenciado principalmente pela desvalorização do real e pela variação de preços internacionais do açúcar.

Outro fator que contribuiu para o prejuízo foi o aumento de custos operacionais. O custo dos produtos vendidos subiu 37,5% no trimestre. Isso aconteceu pois a empresa precisou investir mais em produção por conta dos problemas climáticos. As despesas administrativas e de vendas cresceram 50,5%, atingindo R$ 104 milhões.

“A safra 2024/25 é marcada por desafios climáticos significativos na unidade Santa Vitória. As altas temperaturas ao longo de 2024 e a prolongada estiagem impactaram negativamente a formação do canavial, resultando em uma produtividade abaixo do potencial”, afirmou a empresa, em mensagem publicada junto ao balanço.

“O plantio foi atrasado tanto na expansão quanto na renovação do canavial, devido à ausência de chuvas durante a safra e ao excesso de precipitações no final da colheita, especialmente em novembro de 2024”, acrescentou a Jalles.

Apesar disso, no acumulado do ano até dezembro, a empresa soma uma receita líquida de R$ 1,68 bilhão, crescimento de 19,7%.

A moagem de cana atingiu 1,3 milhão de toneladas no trimestre, alta de 32,5% na comparação anual. No acumulado do ano, o volume processado chegou a 7,8 milhões de toneladas, recorde para a empresa em nove meses de safra.

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A produção de etanol da companhia atingiu 62,3 milhões de litros no trimestre, alta de 5,3% frente ao mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, foram produzidos 357,8 milhões de litros do biocombustível, uma queda de 8% em relação à safra passada.

Já a produção de açúcar totalizou 63 mil toneladas no trimestre (alta de 5%) e já soma 448,2 mil toneladas no acumulado do ano, aumento de 19,7%.

Com isso, o mix produtivo ficou em 57% etanol e 43% açúcar. Em termos de vendas, a companhia comercializou 82,8 milhões de litros de etanol no trimestre, um avanço de 7,9% na comparação anual.

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No açúcar, as vendas atingiram 183,3 mil toneladas, um aumento de 67,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A Jalles vendeu o etanol por um preço médio de R$ 3,06 por litro no hidratado e R$ 3,01 no anidro no trimestre, alta de 22,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No adoçante, o preço médio (considerando VHP, cristal e orgânico) ficou em R$ 2,8 mil por tonelada, em linha com o ano anterior.

No acumulado do ano, a comercialização de etanol atingiu 206,5 milhões de litros, praticamente estável em relação ao período anterior, enquanto as vendas de açúcar somaram 402,9 mil toneladas, alta de 27,7%.

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A dívida líquida da companhia encerrou 2024 em R$ 1,82 bilhão, alta de 25,1% em relação ao ano anterior.

Para o próximo ano, a Jalles prevê operar com a capacidade plena de suas fábricas de açúcar a partir de abril de 2025. “A Jalles terá à disposição sua capacidade produtiva máxima de açúcar em todas suas unidades a partir de abril de 2025, o que deverá garantir um aumento significativo na produção e comercialização do produto”, afirma.

Por ano, a empresa tem capacidade de produzir cerca de 540 mil toneladas de açúcar.

Gustavo Lustosa

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