O arremate do terminal STS11 no Porto de Santos (SP) na quarta-feira, 30, em leilão realizado pelo governo, deve levar a trader chinesa Cofco Internacional a desembolsar bem mais do que os R$ 765 milhões previstos em contrato.
Em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro, o presidente global de ativos da companhia, Marcelo de Andrade, disse que as obras devem demandar investimentos de “ao menos R$ 1 bilhão”. Destinado ao embarque de soja, milho, açúcar e farelo, o STS11 deve permitir à companhia dobrar o volume de grãos originado no país até 2025, prevê o executivo.
“Queremos fazer uma obra grande para descarga de trens e caminhões, com silos, armazéns, dois tipos de armazenagem e dois berços com shiploaders. Nossa ideia é que seja o mais flexível e moderno possível; vamos investir no que houver de melhor em termos de tecnologia e automação”, disse Andrade.
Em 2022, o investimento ainda será pequeno, em torno de 10% do total, já que a Cofco só deve receber a área do STS11 dos atuais arrendatários no fim do ano, de acordo com o executivo. A partir de 2023 até 2025 – quando os primeiros embarques de produtos agrícolas originados pela empresa devem ocorrer – os desembolsos serão mais volumosos, para aquisição de equipamentos e execução das obras.
O novo terminal da Cofco será estratégico para a companhia, principalmente para elevar a originação de grãos no país, explica Andrade. Reunindo vários terminais no porto paulista, incluindo o 12A que já era arrendado pela Cofco, além do 11, 13, 14 e 15, terá capacidade de movimentação de até 14 milhões de toneladas por ano.
“A ideia aqui é ter capacidade de originar mais e ter flexibilidade no nosso terminal, fazer nosso próprio line up (de navios), poder encostar nosso navio e não depender de ninguém. Quando se usa um terminal de terceiros, é preciso entrar na fila, às vezes pagar demurrage (multa no caso de o embarque demorar mais do que o prazo acordado), só quando chega a sua vez você encosta o navio. Nós teremos nosso próprio terminal, nossos dois berços, vamos encostar os navios na hora que quisermos, fazer nosso planejamento sem depender de ninguém”, disse. “Com isso vamos mais que dobrar nossa capacidade de originação em 2025, em comparação a 2021”.
A Cofco escoa grãos atualmente pelos portos de Santos (SP) e Barcarena (PA). Em Santos, conta o executivo, a companhia conta com dois terminais arrendados, o 12A e o Cereal Sul, cujos contratos de arrendamento vão expirar entre o fim deste ano e 2024. Em Barcarena, a trader não possui terminal próprio e utiliza a estrutura de terceiros.
No porto de Santos, a Cofco tem hoje capacidade para movimentar anualmente cerca de 3,3 milhões de toneladas por seus terminais – 3 milhões pelo 12A e 300 mil toneladas pelo Cereal Sul. Também é por Santos que a trader escoa todo o açúcar originado no Brasil. O executivo não informou qual é o volume total de grãos, açúcar e farelo exportado a partir do Brasil, nem qual parcela é escoada por Santos e pelo Pará.
Para os produtores, a expansão também será positiva, defende Andrade. “Os fazendeiros terão mais opção para vender o seu produto, pois esperamos que a Cofco continue crescendo no país”, afirmou. Há planos de fazer mais investimentos no interior do país, à medida que projetos de ferrovias de outras empresas saiam do papel. Novos investimentos em terminais portuários, até a conclusão do terminal de Santos, não estão previstos, afirmou o executivo.
No Brasil, a Cofco está presente em mais de 60 localidades em dez estados. Além de escritórios comerciais, possui quatro usinas de moagem de cana-de-açúcar em Catanduva, Potirendaba, Sebastianópolis do Sul e Meridiano, no interior de São Paulo; uma fábrica de esmagamento de soja em Rondonópolis (MT), com capacidade para processar 1,5 milhão de toneladas de soja por ano; mais de 20 silos em diversos pontos do país, entre outras estruturas.
Clarice Couto