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Biogás está se provando rentável para Raízen; expansão já está sendo considerada


Agência Estado - Publicado: 19 Out 2020 - 11:06

A Raízen, que realizou na sexta-feira (16) a cerimônia de inauguração de sua primeira planta de biogás, em Guariba (SP), já avalia levar a tecnologia para suas outras unidades. “A ideia é que, se provando rentável, como esse projeto vem se provando, possamos expandir para várias unidades nossas”, disse ao Broadcast Agro o presidente da empresa, Ricardo Mussa.

“Só estamos aguardando o primeiro ano da operação. Já aprendemos muito durante a construção e sabemos que conseguimos construir uma nova unidade com custos mais baixos, mas vamos esperar até o final da safra para vermos como a planta rodou e definirmos qual será a melhor tecnologia”, afirmou.

Embora a cerimônia de inauguração tenha ocorrido na sexta, a unidade de Guariba já está em funcionamento desde agosto, quando a Raízen recebeu a autorização para comercializar a energia elétrica da planta de biogás. Nesse tempo, afirma o executivo, os resultados já têm sido melhores do que se esperava.

“A qualidade do gás produzido está melhor do que prevíamos originalmente. A quantidade de bactérias necessárias, menor do que esperávamos”, diz ele, referindo-se às bactérias fermentadoras que agem nas matérias orgânicas para produzir o biogás. “E tínhamos preocupação com o clima, porque durante o frio é mais difícil de proliferar”.

A produção do biogás usará como matérias-primas a torta de filtro e a vinhaça, que são subprodutos da cana-de-açúcar. A expectativa é de uso de 2,3 milhões de metros cúbicos da vinhaça – líquido que resta após a destilação da cana – e 180 mil toneladas de torta – resíduo que sobra após a purificação do caldo de cana.

Como a planta foi feita junto à unidade Bonfim, a segunda maior da Raízen em termos moagem de cana, a matéria-prima da produção de etanol e açúcar da usina será utilizada para o biogás. “Vamos conseguir aumentar em 50% a produção de energia elétrica sem precisar investir em um hectare ou uma tonelada de cana a mais”, afirma Mussa.

Não haverá uso dos resíduos de outras unidades, já que o transporte é custoso. A dificuldade em transferir o material de uma unidade para a outra é um dos estímulos para a construção de mais plantas de biogás.

O investimento na nova unidade foi de R$ 153 milhões, e ela deve produzir 138 mil MWh por ano nesta safra, o suficiente para abastecer uma cidade de 150 mil habitantes, como Araraquara. A capacidade instalada é de 21 mil MW. A unidade é uma joint venture da Raízen, que ficará com 85% das ações, com a Geo Energética – empresa especializada na produção de biogás –, que fica com 15%.

Em termos ambientais, a expectativa é que, com a produção do biogás, a companhia emita 4,2 mil toneladas de CO2 menos. A menor pegada ambiental permite também que a planta emita um maior número de Créditos de Descarbonização (CBios) no âmbito do RenovaBio, já que a produção de etanol da unidade Bonfim se torna mais sustentável. A empresa estima que possa emitir 4 mil CBios por ano a mais.

A sustentabilidade na produção vem também do fato de que parte do biogás produzido será convertida em biometano. “Esse biometano vai substituir o diesel na nossa frota agrícola”, diz Mussa. Ainda não se sabe se o uso do diesel irá a zero ou se a redução será apenas parcial.

“Teremos quantidade suficiente para acabar com o uso, mas depende do desenvolvimento de tecnologia”, afirmou o executivo. “Para caminhões, já temos a tecnologia para converter. Já para tratores e colhedoras, a tecnologia ainda precisa ser desenvolvida, e vai precisar atrair as empresas que produzem”, diz.

Augusto Decker

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