Atvos, antiga Odebrecht Agroindustrial, quer adiar assembleia de credores
Em recuperação judicial, companhia solicitou que reunião aconteça em 24 de outubro
Quatro meses após entrar na justiça com um pedido de recuperação judicial, a Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) pediu agendamento de sua assembleia geral de credores para 24 de outubro, com segunda convocação em 31 de outubro. O pedido foi feito ao juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências de São Paulo.
De acordo com reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico, no entanto, a expectativa da companhia é que a assembleia seja instalada e, logo em seguida, suspensa e adiada. Segundo fontes consultadas, a Atvos segue em negociação com credores.
A empresa apresentou seu plano de recuperação no começo de agosto. A proposta prevê um corte de 35% das dívidas com garantia real e de 75% das sem garantia. No total, a dívida da Atvos soma R$ 15 bilhões, mas R$ 350 milhões são com fornecedores e R$ 3,9 bilhões são com o próprio sistema Odebrecht. Além disso, uma dívida extraconcursal de R$ 3,4 bilhões envolverá conversas privadas, sem intenção de redução de valores.
Porém, as fontes ouvidas pelo Valor Econômico apontam a necessidade de que o plano aprovado seja coerente com o plano da holding controladora do grupo, a Odebrecht S.A. (ODB). Dessa forma, elas esperam que o texto final do plano de recuperação da Atvos tenha alterações.
A Atvos pediu recuperação judicial em 29 de maio, enquanto a ODB e mais 20 empresas do grupo pediram proteção contra credores em 17 de junho. No total, as dívidas do grupo chegam aos R$ 65,5 bilhões.
Conflito com a Caixa
Da dívida financeira da sucroenergética, quase 80% pertence ao BNDES e ao Banco do Brasil. Além deles, os principais credores da companhia são Bradesco, Itaú, Santander e Caixa Econômica Federal.
A Caixa – que também é credora da ODB – solicitou, na última quinta-feira (26), que o juiz extinga a recuperação judicial do grupo. O argumento é que a Odebrecht teria reunido em um único processo a recuperação judicial de várias empresas diferentes, o que pela lei seria ilegal.
Conforme reportagem da Folha de São Paulo, o banco alega que “não há justificativa” para a inclusão de todas as empresas não operacionais do grupo Odebrecht na recuperação, enquanto companhias que geram receita – como a própria Atvos, a construtora OEC e a Braskem –, ficaram de fora.
Recuperação em andamento
Ao mesmo tempo em que se protege contra os credores, a Atvos também anuncia uma reação em suas operações. Na quarta-feira (25), a Folha de São Paulo noticiou que a companhia pretende investir R$ 632 milhões até o fim da safra 2019/20. O objetivo seria alcançar a produção de 2,1 bilhões de litros de etanol.
Além disso, a coluna do Broadcast, do jornal O Estado de São Paulo relatou que a empresa produziu 310 milhões de litros de etanol hidratado em agosto, um recorde para o período. Em comparação com os cinco primeiros meses da safra anterior, a Atvos teria ampliado em 31% a oferta de etanol.
novaCana.com
Com informações de Valor Econômico, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo