São Martinho sofre com estiagem e lucro cai 60,9% no 3º trimestre de 2018/19
O terceiro trimestre da safra 2018/19 trouxe resultados em queda para o grupo, que controla três usinas em São Paulo e uma em Goiás
O terceiro trimestre da safra 2018/19 trouxe resultados mais baixos para o grupo São Martinho, que controla três usinas em São Paulo e uma em Goiás. Apesar de ter registrado uma diminuição de apenas 4,3% na receita em comparação com o mesmo período do ano passado, a companhia viu seu lucro líquido cair 60,9% – de R$ 168,5 milhões para R$ 65,9 milhões.
Parte desse resultado se deve ao aumento de 12,7% nos custos de produção. Entre outubro e dezembro de 2017, a empresa registrou despesas de R$ 549,9 milhões, valor que saltou para R$ 619,8 milhões na atual temporada.
Segundo a São Martinho, isso ocorreu por causa de uma longa estiagem, que prejudicou a oferta de cana-de-açúcar. No acumulado da safra, as usinas moeram 20,45 milhões de toneladas de cana, uma redução de 7,9% ante o mesmo período de 2017/18.
“Apesar da queda no volume de cana processada, o ATR médio apresentou crescimento de 1,7% (142,2 kg/t), de forma que o total de ATR produzido na safra caiu apenas 6,3% em relação à safra anterior”, pondera.
Além disso, a receita teria sido prejudicada pela estratégia de concentrar os embarques de açúcar no fim da temporada, de modo que essas vendas serão contabilizadas apenas após março deste ano – no encerramento do trimestre, os estoques da companhia somavam 363,4 mil toneladas de açúcar (-15,5%) e 439,8 milhões de litros de etanol (+7,6%). A São Martinho ainda registrou uma menor comercialização de energia elétrica em suas unidades de cogeração.
A empresa, entretanto, comenta que a queda na comercialização de energia foi parcialmente compensada pelo maior preço médio de etanol no período e por um aumento no volume comercializado. No trimestre, a receita líquida da São Martinho caiu 6,1%, de R$ 895,1 milhões para R$ 840,8 milhões. No acumulado da safra, o recuo é menor, de 3,6%, com 2018/19 registrando R$ 2,24 bilhões.
Assim, no trimestre, o Ebitda ajustado da São Martinho foi de R$ 417,3 milhões (-16,1%), com margem Ebitda ajustada de 49,5%.
Resultados por produto
Conforme a São Martinho, 61,7% da receita no trimestre foi obtida com a venda de etanol, que totalizou R$ 480,1 milhões no mercado doméstico e R$ 39,9 milhões em exportações. Essa receita líquida representa um crescimento de 24,2% em comparação com o resultado visto no mesmo período da safra anterior.
Em volume, isso significa um crescimento de 17,8% nas vendas, que subiram de 241,1 milhões para 284,1 milhões de litros no comparativo anual.
Já a comercialização de açúcar viu uma queda de 34,2% na receita líquida total, com R$ 235,5 milhões obtidos no mercado externo e R$ 34,4 milhões no doméstico. A redução no volume vendido ficou em 26,5%, de 328,1 mil para 241,1 mil toneladas.
“A queda do resultado reflete, principalmente, a redução de 26,5% no volume vendido – em linha com a estratégia de direcionar maior mix de produção para o etanol nesta safra –, a redução do preço médio de comercialização do açúcar em 10,5% no trimestre e a estratégia da companhia de concentrar os embarques no próximo trimestre”, justifica a São Martinho.
As vendas de eletricidade, por sua vez, geraram uma receita de R$ 40,2 milhões no trimestre, uma queda de 29,4% no comparativo anual. O resultado, segundo a São Martinho, é derivado do menor volume vendido – 195,7 GWh, uma redução de 20,8% – e da queda de 10,9% no preço médio.
No acumulado da safra, a queda na receita com a venda de açúcar é ainda mais acentuada, de 43,9% (R$ 741,2 milhões contra R$ 1,3 bilhões). Já a redução da comercialização de energia é minimizada, com um resultado 1,8% menor (R$ 197,5 milhões contra R$ 201,2 milhões). Em contrapartida, a receita líquida com etanol cresceu 36,2% no período de março a dezembro, alcançando R$ 934,8 milhões.
Endividamento
Em 31 de dezembro, a São Martinho acumulava uma dívida líquida de R$ 3,1 bilhões – valor 26,1% superior aos R$ 2,5 bilhões registrados ao final da safra anterior. Deste total, R$ 710 milhões possuem vencimento ao longo de 2019.
“O aumento refletiu principalmente um maior capital de giro utilizado no período, em decorrência do crescimento dos estoques de produtos finais, que serão revertidos em caixa até o final desta safra”, afirma a companhia.
A empresa ainda divulgou que a relação entre a dívida líquida e o Ebitda estava em 1,8 vez em dezembro.
Renata Bossle – novaCana.com