Combustíveis em alta: Etanol engata 15º aumento consecutivo; gasolina está no sexto
Preço do renovável teve ampliação semanal de 1,89% enquanto seu concorrente fóssil subiu 0,64%
Os destaques sobre o preço dos combustíveis na semana de 7 a 13 de novembro:
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O preço médio da gasolina cresceu 0,64% nas cidades pesquisadas, enquanto o do etanol aumentou 1,89%
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O consumo de etanol é considerado economicamente desvantajoso em todos os estados do país
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O valor do hidratado teve aumento nas principais usinas mato-grossenses e teve redução nas paulistas e goianas
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Levantamento de preços da ANP foi realizado em 351 municípios, mesma quantidade da semana anterior
Os preços dos combustíveis seguem em sua tendência ascendente na média nacional dos postos brasileiros. A gasolina teve uma ampliação semanal de 0,64% entre os dias 7 e 13 de novembro. O combustível fóssil passou de R$ 6,710 por litro para R$ 6,753/L, contabilizando o sexto aumento seguido.
Já o etanol completa a sua 15ª semana seguida de alta, saindo de R$ 5,294/L para R$ 5,394/L, crescimento de 1,89%.
Com isso, a relação entre o preço do biocombustível e o de seu concorrente fóssil foi de 79,9% no período – uma semana antes, ela era de 78,9%. Uma relação tão elevada não se via desde o período de 17 a 23 de abril de 2011, quando foi de 80,9%.
Com isso, o renovável segue não sendo comercialmente competitivo e fica ainda mais distante do limite estabelecido de 70% do custo da gasolina, faixa em que é considerado vantajoso para os consumidores.
Os valores correspondem ao levantamento semanal realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No entanto, as comparações de valores nos postos não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustíveis ainda não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras e o número de localidades pesquisadas muda. Na semana analisada, foram levantados os dados de 351 municípios, mantendo a quantidade de uma semana antes, ainda que as cidades não sejam as mesmas.
Nas usinas paulistas, por sua vez, os preços do hidratado caíram 2,1%, de R$ 3,8918/L para R$ 3,8099/L. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP. Enquanto isso, nas produtoras goianas, a retração foi de 1,66%. Já nas mato-grossenses, houve um aumento de 1,1%.
Na ala governamental poucas declarações foram dadas ao longo da semana. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo estuda um “colchão tributário” e uma “reserva estabilizadora” para conter o aumento dos preços dos combustíveis. A declaração foi dada na última terça-feira, 9. Além disso, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse que não trata com o presidente, Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a política de preços dos combustíveis.
Variações nos estados
Segundo a ANP, entre 7 de outubro e 13 de novembro, o preço do etanol subiu na média de 21 estados e no Distrito Federal, caiu em quatro e não foi contabilizado no Amapá. A gasolina, por sua vez, aumentou em 20 unidades da federação.
Em São Paulo, o maior estado produtor e consumidor de etanol do país, o biocombustível teve um incremento de 2,12%, custando R$ 5,256/L na média – ainda assim, ele segue com o menor valor registrado. Já a gasolina foi vendida a R$ 6,414/L, crescimento de 1,3%.
Com o maior incremento para o biocombustível, a relação entre os preços dos combustíveis voltou a subir, ficando em 81,9% ante os 81,3% do período anterior. Desta forma, o índice se afasta ainda mais da marca de 70%, limite da faixa em que o etanol é considerado economicamente favorável ao consumidor. A pesquisa foi feita em 105 cidades paulistas, mesma quantidade da semana anterior.
Já em Goiás, o etanol foi vendido a R$ 5,280/L na média da semana analisada. No período, houve um aumento de 1,11% no preço do biocombustível, enquanto a gasolina apresentou alta de 0,26%, sendo vendida a R$ 7,194/L.
Com a menor elevação dentre os principais estados produtores de etanol, a relação entre os preços dos combustíveis ficou em 73,4% em Goiás, acima dos 72,8% de uma semana antes e, ainda assim, a menor dentre todas as unidades da federação. Segundo a ANP, 12 cidades goianas foram consideradas no levantamento, uma a menos do que no período anterior.
Por sua vez, Minas Gerais registrou aumento de 1,73% no preço médio do etanol, que foi comercializado a R$ 5,538/L, o maior valor dentre os seis grandes estados produtores. A gasolina também passou por um acréscimo, de 0,8%, e foi negociada a R$ 7,024/L, em média. Com isso, o renovável custou o equivalente a 78,8% do preço do combustível fóssil, índice acima do visto na semana anterior, de 78,1%. No total, 41 municípios mineiros participaram da pesquisa, mesma quantidade da semana anterior.
Já em Mato Grosso, o preço médio do etanol teve um incremento de 3,57%, o maior dentre os seis maiores produtores, e foi vendido a R$ 5,334/L. Na semana, a gasolina subiu 1,06%, passando a custar R$ 6,784/L. Desta forma, a relação entre os preços ficou em 78,6%, acima dos 76,7% de uma semana antes. A ANP fez a pesquisa em sete municípios mato-grossenses, mesma quantia do período anterior.
Em Mato Grosso do Sul, o valor do etanol cresceu 2,6%, para R$ 5,439/L. A gasolina, por sua vez, teve um aumento de 0,25%, ficando em R$ 6,546/L. Assim, o biocombustível custou o equivalente a 83,1% do preço de seu concorrente fóssil, acima dos 81,2% de uma semana antes. Somente Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas participaram do levantamento.
Por fim, o Paraná segue apresentando a mais alta relação dentre os seis principais estados produtores de etanol do país, com o biocombustível custando o equivalente a 84,8% do preço da gasolina. No período, o renovável teve uma elevação de 2,79%, sendo vendido por R$ 5,498/L na média estadual. Já a gasolina teve um incremento de 1,01%, para R$ 6,481/L. No total, 22 cidades foram pesquisadas no estado, uma a mais do que uma semana antes.
Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também estão disponíveis gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.
Comparação comprometida
Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.
Entre 7 e 13 de novembro, 351 cidades foram pesquisadas, mesma quantidade do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais dos estados brasileiros. Algumas localidades deixaram de participar no comparativo semanal, mudando o número de municípios de alguns estados.
Apesar da progressão no número de cidades, o total está abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.
Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.
Gabrielle Rumor Koster – NovaCana