Preço médio dos CBios volta a cair na segunda quinzena de novembro
Depois de quatro aumentos consecutivos, créditos registraram queda de 1,8%, sendo negociados a R$ 99,74
Depois de semanas de alta, o preço médio dos créditos de descarbonização (CBios), do programa RenovaBio, voltou a cair na segunda quinzena de novembro. No período, o valor dos créditos variou entre R$ 65 e R$ 103,50 – com o maior sendo visto no dia 17 e o menor no dia 22.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 1 mil. Neste ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 1 mil.
Os números fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela Bolsa de Valores Brasileira (B3), única entidade registradora do RenovaBio.
De acordo com cálculos realizados pelo NovaCana a partir de dados da B3, os papéis foram negociados, em média, a R$ 99,74 na segunda metade de novembro. O valor está 1,8% abaixo da primeira quinzena do mês e corresponde à primeira queda depois de quatro aumentos consecutivos.
Ainda assim, o preço atual está 38,5% acima da média histórica do programa, de R$ 71,99. Ele também é 153,7% maior do que a média de 2021, de R$ 39,31. Entretanto, o valor está 11,7% abaixo da média de 2022, de R$ 112,99.
De acordo com a B3, 1,58 milhão de CBios foram negociados na quinzena, queda de 34,3% em relação a anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração chegou a 38,2%.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Emissões em alta
Mesmo com o etanol menos competitivo nos postos e a aproximação da entressafra de cana-de-açúcar, o número de CBios emitidos apresentou crescimento ao final de novembro.
Nas últimas duas semanas do mês, as usinas certificadas no RenovaBio escrituraram 2,05 milhões de créditos, um aumento de 135,5% em relação à quinzena anterior, quando foram emitidos 870,71 mil CBios. Em relação ao mesmo período de 2021, o acréscimo foi de 27,3%.
Assim, o total de CBios emitidos até 30 de novembro totalizou 28,52 milhões. Esse montante supera em 0,8% os 28,28 milhões de um ano antes e é equivalente a 79,3% da meta oficial de 2022, de 35,98 milhões de CBios.
Considerando também os estoques de anos anteriores, o total de créditos disponibilizados ao mercado sobe para 38,97 milhões, ultrapassando a meta anual em 8,3%.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até o final de novembro, as usinas certificadas cadastraram notas fiscais suficientes para geração de 28,55 milhões de CBios em 2022. A expectativa é que os 26,56 mil créditos excedentes cheguem ao mercado nos próximos dias.
Desde a implementação do RenovaBio até o momento, 78 milhões de CBios já foram escriturados.
Ainda segundo a ANP, 317 unidades participam do RenovaBio atualmente. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel.
Dentre as 282 usinas de etanol certificadas, 271 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; seis processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Posse e aposentadoria
Em 1º de dezembro, 30,04 milhões de CBios estavam em circulação. Deste total, 75,3% estavam sob posse das distribuidoras com metas a cumprir, somando 22,61 milhões de CBios. Já 6,9 milhões, ou 23%, estavam com as usinas certificadas. Por fim, investidores sem metas detinham os 520,53 mil títulos restantes (1,7%).
Ao todo, 8,93 milhões de créditos já foram aposentados ao longo do ano, com 918,48 mil saindo de circulação apenas na última quinzena.
Conforme decreto do Ministério de Minas e Energia, as distribuidoras têm até 30 de setembro de 2023 para aposentar os volumes relativos aos seus objetivos individuais referentes a 2022. Já as obrigações de 2023 deverão ser entregues até 31 de março de 2024.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte das aposentadorias seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
Giully Regina – NovaCana