Preço dos CBios atinge recorde na primeira quinzena de maio, a R$ 104,50
No período, as emissões totalizaram 1,04 milhão, alta anual 21,1%, mas queda de 37,3% em relação à segunda metade de abril
Os créditos de descarbonização (CBios), criados pelo programa RenovaBio, estão registrando preços cada vez mais elevados. Na primeira metade de maio, por exemplo, os papéis foram vendidos entre R$ 91 e R$ 104,50, resultando em um preço médio de R$ 100,80 por título.
O valor mais alto registrado é recorde desde o início do programa, em 2020.
Os dados fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela bolsa de valores brasileira B3, única entidade registradora do programa.
Conforme a B3, o valor médio da quinzena está 93,4% acima da média histórica do programa, de R$ 52,12. Além disso, ele é 155,21% superior ao preço médio de 2021, de R$ 39,31, e 11,45% maior ante o acumulado de 2022, de R$ 90,45. Na comparação quinzenal, o acréscimo é de 1,3%, reforçando uma tendência de alta.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15,00 e R$ 104,50. Este ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 104,50.
Além disso, no período, 2,7 milhão de créditos foram negociados, alta de 66,1% em comparação com os 1,63 milhão da quinzena anterior e de 35,5% em relação aos 1,99 milhão de CBios negociados no mesmo período do ano passado.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Assim, os preços elevados dos CBios ocorrem mesmo com um aumento nas vendas dos créditos.
Retomada nas emissões?
Apesar da retomada da moagem de cana-de-açúcar e, consequentemente, da produção de etanol, menos títulos foram gerados. Na primeira quinzena de maio, as emissões de CBios totalizaram 1,04 milhão, alta anual 21,06%, mas queda de 37,34% em relação à quinzena anterior.
Com isso, a quantidade de títulos gerados em 2022 chegou a 10,29 milhões, 5,34% abaixo dos 10,86 milhões de créditos vistos há um ano.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 312 unidades participam do RenovaBio; destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 277 usinas de etanol certificadas, 266 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Posse dos créditos
Além do número de CBios gerados em 2022, o setor ainda conta com os créditos excedentes do ano anterior. Assim, ao final da quinzena, 17,9 milhões de títulos estavam em circulação.
Destes, 79,1% estavam em posso das distribuidoras com metas a cumprir, totalizando 14,1 milhões. Já as usinas certificadas no programa detinham 3,63 milhões de CBios, o equivalente a 20,3% do total. Os 118,65 mil créditos restantes (0,7%) estavam com investidores sem metas.
Conforme reportagem do Valor Econômico, os CBios já têm peso relevante na remuneração que o etanol está oferecendo às usinas em comparação com os ganhos relacionado à venda do açúcar. Segundo dados da StoneX consultados pelo Valor, o CBio representa cerca de 40% da vantagem que o etanol oferece sobre o açúcar para usinas da região de Ribeirão Preto (SP).
Ao mesmo tempo, conforme nota da Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Bicombustíveis (Brasilcom) enviada à Reuters em março, o impacto para os consumidores seria de até R$ 0,10 por litro.
Aposentadoria e cumprimento da meta
Para completar, 2,83 milhões de créditos já foram aposentados ao longo de 2022 – destes, 188,6 mil deixaram de circular na primeira quinzena de maio. Este total equivale a 7,8% da meta oficial do RenovaBio para este ano, de 35,98 milhões.
Considerando tanto os papéis em circulação quanto os aposentados neste ano, por sua vez, o número de títulos disponibilizados ao mercado soma 20,73 milhões. Neste caso, o valor é suficiente para o cumprimento de 57,6% da meta.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
Gabrielle Rumor Koster – NovaCana