Consumo de combustíveis até outubro mostra recuperação na demanda [30 gráficos]
Volumes seguem abaixo dos registrados em 2019, mas têm crescimento constante nos últimos meses
O consumo de combustíveis do Ciclo Otto em 2020 atingiu o maior volume em outubro. Em um ano de baixa demanda, especialmente devido às recomendações de isolamento a partir de março, este indicador pode significar uma leve recuperação.
Em sua participação na abertura da feira Rio Oil and Gas, ontem, 30, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, inclusive afirmou que, apesar de o setor de combustíveis ter sofrido retração no consumo, já houve recuperação da demanda.
“A demanda de gás natural já retornou aos patamares pré-pandemia e a produção nacional se aproxima dos máximos históricos. O setor de combustíveis sofreu uma retração no consumo, principalmente nos meses de março e abril, porém já tivemos a recuperação no consumo de diesel, gasolina e etanol”, disse Albuquerque, conforme reportagem do Valor Econômico.
De acordo com os dados divulgados mensalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), os 4,71 bilhões de litros consumidos em outubro estão 4,45% acima do maior volume registrado este ano – os 4,51 bilhões de litros de janeiro –, porém 1,34% abaixo do visto no mesmo mês do ano passado, 4,78 bilhões, o que ressalta o cenário de baixa de 2020.
No acumulado entre janeiro e outubro, esta situação é reforçada. O consumo nos primeiros dez meses deste ano chegou a 39,9 bilhões de litros, 10,09% abaixo dos 44,41 bilhões observados no mesmo período de 2019.
O volume acumulado registrado em outubro de 2020 é o mais baixo para o período desde 2012. Além disso, assim como observado em setembro, esta é novamente a maior retração em relação ao mesmo período do ano anterior de toda a série histórica.
É possível constatar esta mesma situação quando observado o consumo apenas do etanol hidratado. No acumulado entre janeiro e outubro, ele ficou em 15,61 bilhões de litros – no mesmo período de 2019, este indicador já estava nos 18,42 bilhões de litros, o que representa uma queda de 15,26% ano a ano.
Mesmo com esta redução, este é o segundo maior volume acumulado registrado na série histórica, o que demonstra a relevância do consumo em meses como janeiro, fevereiro e de setembro em diante.
Já em relação à demanda mensal do hidratado, os 1,87 bilhão de litros registrados em outubro de 2020 estão abaixo de 2018 – 2,06 bilhões – e de 2019 – 2,05 bilhões. No comparativo anual, a retração é de 10,04%. Ainda assim, este foi o segundo maior volume de hidratado consumido em 2020, ficando atrás apenas de janeiro e demonstrando uma leve recuperação mensal.
No quesito da preferência dos consumidores, a escolha pelo hidratado em detrimento da gasolina vem crescendo desde o ponto mais baixo atingido em junho e chegou ao terceiro maior valor do ano, de 28,04%. Ainda assim, esta porcentagem está abaixo da vista no mesmo período de 2019, 30,44%.
O consumo do combustível fóssil em 2020 também sofreu diversas baixas, tendo acumulado 28,89 bilhões de litros entre janeiro e outubro – uma retração de 7,94% em relação ao mesmo período de 2019 e o menor volume acumulado desde 2011. Já o consumo mensal ficou em 3,4 bilhões de litros, 2,06% acima do observado em outubro do ano passado.
Em São Paulo, maior estado produtor e consumidor de etanol, o abastecimento com o hidratado em outubro ficou em 965 milhões de litros, abaixo do observado nos últimos dois anos – no comparativo com 2019, a retração foi de 10,37%.
Já em relação ao consumo do Ciclo Otto como um todo, a queda no comparativo anual no estado foi um pouco menor, de 6,88%, o que significa que houve um maior impacto no renovável do que no fóssil.
Em relação à preferência dos consumidores paulistas, o hidratado apresentou recuperação em outubro, ficando com 50,36% do abastecimento perante a gasolina. Esta porcentagem está mais baixa que a observada em 2019, porém está relacionada ao valor dos combustíveis no estado em outubro, quando o preço do etanol correspondia a 66,64% do da gasolina, estando competitivo para os consumidores.
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Rafaella Coury – novaCana.com