A Prumo Logística deu início a novas obras de ampliação do Porto do Açu, no norte do Rio de Janeiro, para expansões no cais e no Terminal Multicargas (T-mult) do seu Terminal 2. O objetivo é aumentar a movimentação de produtos, com foco no curto prazo em grãos, fertilizantes e lítio, disse ao Broadcast o presidente do Porto do Açu, Eugênio Figueiredo.
“O que estamos fazendo é uma expansão para ampliar a operação do T-mult e isso passa pelo cais e pela área do terminal. Queremos aumentar o volume e ter mais flexibilidade operacional para receber cargas diferentes e realizar operações simultâneas”, relata Figueiredo.
Segundo o presidente do Açu, o cais operacional do T-mult vai ser ampliado de forma linear de 340 metros para 500 metros, o que vai permitir a atracação simultânea de dois navios de grande porte, os chamados Panamax. Hoje o cais comporta a operação de um navio com mais uma embarcação de apoio.
Em terra, as instalações para recebimento das cargas vão ganhar 110 mil metros quadrados de adicionais, quase dobrando os 120 mil m² atuais do T-mult.
Há oito anos em operação, esse terminal de cargas já recebeu cerca de R$ 600 milhões em investimentos. A expansão de momento adiciona um capex de R$ 100 milhões, diz Figueiredo.
Mas o projeto completo de expansão, que ainda engloba pátios de armazenagem, galpões, infraestrutura para estocagem e novos equipamentos, vai envolver até R$ 300 milhões em três anos.
No curto prazo, detalha Eugênio Figueiredo, as principais oportunidades do Porto do Açu estão na movimentação de grãos de milho e soja, fertilizantes e lítio.
A ideia é que os dois primeiros produtos permitam a operação de “cargas de retorno”, com a recepção de grãos para exportação pelos mesmos caminhões que levam fertilizante importado, tudo passando pelo Açu.
O fertilizante trazido de países como Canadá, Rússia e Marrocos é encaminhado para o sul de Minas Gerais e Goiás. De lá, e também do oeste do Espírito Santo, vêm o milho e a soja a serem embarcados para o exterior.
“O potencial do grão no curto prazo é muito bom. O volume trazido pelo modal rodoviário por falta de opção ainda é enorme. Isso pode gerar uma operação dedicada antes ainda do lítio, mesmo com ‘rump up’ em mina”, diz o diretor de operações João Braz, ao citar a produção de lítio no Vale do Jequitinhonha, hoje escoada para fora sobretudo pelo Açu.
Em 2023, o Açu embarcou 200 mil toneladas de espodumênio e lítio. No espodumênio, o terminal portuário bateu um recorde, com o embarque de 84,14 mil toneladas em seis dias. A projeção é que, em 2024, o volume do mineral, de onde se extrai o lítio e o metal high grade e low grade, mais do que dobre.
O Porto do Açu é formado pelos terminais 1 e 2 e seus cais, que movimentaram 85 milhões de toneladas em 2023, volume 27% superior ao registrado em 2022. O número faz do Açu o segundo maior entre portos organizados, só atrás do Porto de Santos, que tem o dobro de movimentação. Para 2024, a projeção é chegar a 100 milhões de toneladas.
Mais de 95% do volume total de 2023 passou pelo Terminal 1 (T1), a maior parte minério de ferro e petróleo para transbordo. O restante, que entra ou sai pelo Terminal 2 (T2), são cargas variadas que, no ano passado, somaram mais de 20 tipos, tais quais carvão, coque, sal, fertilizantes e grãos. A Prumo pretende expandir essa atividade com o aumento do T-mult, mas também aumento no número de operações dedicadas.
“Considerando a expansão da área de armazenagem, poderemos duplicar essa capacidade de movimentação nos próximos anos, chegando a 5 milhões de toneladas em 2025, o que uma operação simultânea de dois navios permite”, diz o diretor comercial e de industrialização do Porto do Açu, João Braz. Hoje essa capacidade está pouco acima de 2 milhões de toneladas.
Segundo o executivo, o T-mult funciona como espaço de gestação para operações dedicadas, que levam a construção de estruturas específicas para movimentações e acondicionamentos que se tornam regulares. Esse foi o caso, por exemplo, de um armazém dedicado ao concentrado de cobre, produto para exportação sem espaço para perdas no transporte.
“Em 2023, estressamos ao máximo o terminal (T-mult), o que passou por usar toda a infraestrutura e acelerar navios. O crescimento sustentável dessa operação agora passa pela expansão”, relata.
De acordo com Braz, por se tratar de um porto privado, o Açu tem maior organização e planejamento para atracação e manejo de cargas, o que já deixou para o mercado a marca de um porto sem fila, enquanto outros portos impõem espera de 30 a 60 dias.
“Nos portos públicos, não há gestão unificada de fila. No Açu temos um controle fino, com equipe própria e dois terminais. Isso tem atraído clientes e, no fim da década, com a conclusão de projetos de ferrovia que passam pela região, projetamos um aumento muito grande de demanda”, diz.
O cenário com escoamento por ferrovias, relata o executivo, viabiliza contêineres e a mancha de captura de grãos saltaria de 7 milhões de toneladas potenciais para quase 30 milhões de toneladas. “Com (transporte) rodoviário, chegamos até o sul de Goiás. Com a ferrovia, podemos chegar até o Mato Grosso”, projeta Braz.
Gabriel Vasconcelos