Os incêndios que afetam canaviais no interior de São Paulo continuam nesta sexta-feira, 23, movimentando produtores de cana-de-açúcar, usinas, empresários e a defesa civil regional. Segundo apuração da reportagem, o fogo teve início em algumas cidades na quarta-feira e, em outras, começou a se alastrar na quinta-feira.
Há investigações considerando que as causas dos incêndios possam ter sido intencionais e estradas vicinais e rodovias estão interditadas por segurança. Os maiores impactos foram em Sertãozinho, Dumont e Pitangueiras.
De acordo com informações do sargento Gomes, do Corpo de Bombeiros que atende a região, as estradas que vão de Jaboticabal para Ribeirão Preto e de Jaboticabal para Sertãozinho, foram impactadas devido às queimadas.
“As pistas estão com pouca visibilidade e, em conjunto com a Polícia Militar, decidimos fechar para a segurança de todos”, disse em um grupo de WhatsApp, pedindo para que os moradores espalhem a informação. Ainda não há confirmação da reabertura dessas vias.
O clima seco só piora a situação e o fogo se alastra com mais facilidade. Em Itatinga, o fogo também queimou um canavial de 300 mil metros quadrados. O Sindicato Rural da região, entretanto, não confirma o incêndio.
Em Sertãozinho, na região metropolitana de Ribeirão Preto, o fogo forçou a evacuação da usina de cana-de-açúcar Santa Elisa, da Raízen, durante a tarde de ontem. Como medida de segurança, a polícia rodoviária interditou a rodovia SP-322, Armando de sales Oliveira, que liga a cidade à capital.
A Raízen, empresa responsável pela unidade, informou em nota que o incêndio atingiu estoques de biomassa, equipamentos e uma área de preservação ambiental (APP). Os prejuízos e as perdas em volume da matéria-prima ainda não foram contabilizadas.
Desde quinta-feira, há uma força-tarefa com auxílio do Corpo de Bombeiros, além de brigadas internas para tentar conter e frear o fogo. A Raízen enfatizou que não pratica queima de cana-de-açúcar e segue os protocolos ambientais do programa Etanol Mais Verde, que proíbe uso de fogo no final da colheita no estado de São Paulo.
O fogo afetou linhas de transmissão de energia na região, além de outros municípios do entorno, como Pitangueiras e Viradouro, segundo a CPFL Paulista.
O grupo Moreno, que controla três usinas em São Paulo, ofereceu uma recompensa de até R$ 30 mil por informações relativas à autoria “dos incêndios criminosos ou não autorizados” que aconteçam nas áreas de cultivo ou de vegetação nativa sob responsabilidade da empresa, como destacou em nota enviada à imprensa.
Há rumores de que o fogo atingiu ainda várias residências rurais atingidas, mas não há informação de mortes ou pessoas feridas. A reportagem está tentando contato com a empresa e as usinas do entorno para verificar a situação.
Os incêndios nas regiões norte e nordeste do estado de São Paulo estão acima da média histórica desde 1988, onde estão os municípios citados e o parque canavieiro.
Dados monitorados pela seguradora ambiental Terrabrasilis apontam que, em agosto, só na área nordeste do estado houve 19,5 mil focos de queimadas, enquanto a média era de 6,5 mil. Na região norte paulista já foram detectados 52,89 mil incêndios no mês, contra a média de pouco mais de 22 mil.
Isadora Camargo
Com colaboração de Eliane Silva