Prejuízo das usinas da Odebrecht Agro é compensado por venda dos ativos de cogeração
A discreta negociação dos ativos de cogeração das nove usinas do grupo Odebrecht Agroindustrial vai significar à empresa um ânimo de R$ 2,6 bilhões até março de 2015. Conforme apurado pelo Valor Econômico a negociação foi fechada em 31 de março, o que possibilitou que a companhia encerrasse o exercício correspondente à safra 2013/14 com seu primeiro lucro.
Os recursos possibilitarão ao grupo dar prosseguimento a seu plano de expansão sem aumentar a alavancagem. O objetivo é chegar em duas safras à moagem de 32 milhões de toneladas. No ciclo 2013/14 foram processadas 22,5 milhões de toneladas.
A compra da cogeração foi feita pela subsidiária do conglomerado baiano criada em setembro passado, a Odebrecht Energia Renovável. Esta nova empresa foi criada há menos de um ano.
No resultado financeiro do ano passado, todas as usinas do grupo apresentaram resultado negativo (veja tabela).
O negócio foi fechado por R$ 3,7 bilhões e gerou um ganho de capital bruto R$ 2,036 bilhões, dos quais um total de R$ 1,1 bilhão já foi recebido, sendo R$ 478 milhões via transferência de dívida para a compradora e R$ 628 milhões com entrada de recursos no caixa. Conforme apurado pelo Valor, o valor total da alienação dos ativos e o ganho de capital, também referente a essa venda tem um efeito de redução de 88,54% na alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda).
A expectativa é de que o saldo restante, de R$ 2,6 bilhões, entre diretamente no caixa da sucroalcooleira até 31 de março de 2015.
Apesar da operação, a empresa cita em seu balanço um "excesso de passivos circulantes sobre ativos circulantes, consolidados, no montante de R$ 3,83 bilhões".
A previsão da Odebrecht Agroindustrial é que a cogeração das nove usinas atinja a produção de 3,1 mil Megawatts-hora (MWh) de eletricidade entre as safras 2015/16 e 2016/17. A área representava cerca de 10% da receita total da companhia sucroalcooleira, que foi de R$ 2,6 bilhões em 2013/14, e era o produto de margem mais elevada – 80% de margem Ebitda, o equivalente a 20% da margem da companhia.
Nas nove usinas de cana-de-açúcar - localizadas em São Paulo, em Goiás e em Mato Grosso do Sul - a Odebrecht Agroindustrial deve processar em 2014/15 em torno de 27 milhões de toneladas da matéria-prima, 20% acima da moagem de 2013/14. A sucroalcooleira tem como sócios a BNDESPar e os fundos Ashmore e Tarpon.
Problemas
A Odebrecht Agro enfrenta uma crise grave e já demitiu mais de mil funcionários neste ano. O grupo trabalha com a perspectiva de fechar algumas unidades caso o cenário atual se mantenha.
novaCana.com
com informações do Valor Econômico