Em crise, Usina Itamarati demite mais de 300 funcionários
A Usina Itamarati, em Nova Olímpia (207 km a Médio-Norte de Cuiabá) demitiu em massa mais de 300 trabalhadores e há possibilidades de mais desligamentos nos próximos dias.
A informação é do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fabricação do Álcool (Sintiálcool), que procurou a Justiça do Trabalho, em Cuiabá, para denunciar eventuais abusos dos empregadores.
Eles cobram da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) intervenção na usina.
"Além de não avisar ninguém da decisão, eles ainda querem parcelar as rescisões e a multa do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Se a empresa está com uma situação financeira ruim, não compete a nós, trabalhadores, arcar com o ônus", disse um dos diretores do Sintiálcool, José Ronaldo de Santana.
Na semana passada, 170 funcionários que atuam na colheita da cana-de-açúcar foram despedidos. No início deste ano, 21 empregados da indústria (fabricação de açúcar e álcool) foram demitidos.
"Soubemos que mais 120 trabalhadores da colheita serão demitidos", informou José Ronaldo.
"Eles querem baixar os custos, reduzindo a produção e a folha de pagamento"
Conforme o sindicalista, ao todo, a empresa deve enxugar a folha de pagamento em R$ 2 milhões, baixando de R$ 6 milhões para R$ 4 milhões. Para isso, cerca de 600 pessoas devem perder seus empregos.
A maior parte dos desligamentos é na área da colheita. Conforme o Sintiálcool, a Usina Itamarati deve reduzir a produção da safra de cana-de-açúcar. Apesar da capacidade de produção de 11 milhões de toneladas, a próxima safra deve atingir 4,2 milhões.
A usina tem capacidade de produção de 5,5 milhões de sacas de açúcar e 250 milhões de litros de álcool por ano.
"Eles querem baixar os custos, baixando a produção e a folha de pagamento", disse.
No último dia 14 de janeiro, a empresa reuniu-se com a entidade para propor o pagamento parcelado dos débitos trabalhistas, alegando não ter dinheiro em caixa para a quitação total do montante.
"Os trabalhadores estão sem nada, apavorados, sem saber o que fazer. São trabalhadores com longo tempo de serviço prestado e que não estão sendo respeitados. A empresa deveria pelo menos ter respeitado o direito do trabalhador, tentar junto com o sindicato uma solução que não os prejudicasse tanto".
Os operários estão indignados com o que consideram uma grande falta de respeito por parte da empresa e pretendem protocolar na semana que vem ação contra a empresa, em nome do Sintiálcool, do Sindicato Rural e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado de Mato Grosso (Fetagri), exigindo o pagamento integral da dívida.
"Eles não chegaram nem a se reunir com os trabalhadores, não dialogaram, apenas disseram que essa é a única coisa a ser feita. Em alguns casos, a proposta é de parcelar os débitos em até 22 parcelas. Isso é absurdo e não vamos aceitar que uma empresa deste porte aja assim com os trabalhadores", comentou o José Ronaldo.
Outro lado
A reportagem do MidiaNews tentou contato com a assessoria de comunicação da Usina Itamarati, por meio de telefone e e-mail, mas não obteve retorno.
DÉBORA SIQUEIRA