[Top Etanol] Eduardo Campos: política energética autoritária prejudicou etanol

O pré-candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, disse nesta segunda-feira que a política energética é exercida de forma autoritária, "por uma ou duas pessoas", e este seria um dos motivos que levaram o setor de açúcar e etanol à atual situação. Ele fez um pronunciamento durante evento promovido pelo setor sucroenergético, em São Paulo (SP).
"O setor energético deixou de ter uma visão de estado e passou a ser de uma ou duas pessoas que, de forma autoritária, acham que sabem tudo, que não precisam ouvir ninguém e podem impor sua vontade", disse Campos, para quem falta diálogo do governo com o setor.
O pessebista reconheceu que ocorreram avanços no Brasil desde a redemocratização, entre eles, a estabilização econômica, o aumento da renda das famílias e o incentivo aos veículos flex. Mas avaliou que, nos últimos três anos, não apenas este avanço foi estancado, como a situação do país piorou.
Segundo ele, o atual cenário da economia, com baixo crescimento, inflação alta e taxas de juros em elevação ajudou a desestruturar setores considerados estratégicos, como é o caso do energético, seja na indústria de açúcar e etanol, seja em outros segmentos.
Para Campos, medidas equivocadas, como a política de controle de preços de combustíveis, não só comprometeram a capacidade de investimentos da Petrobras, como levou a indústria sucroenergética à atual situação. "A falta de regras leva um setor que acreditou no governo, foi buscar dinheiro emprestado, foi buscar parceiros, investiu a viver hoje a situação que vivemos."
Eduardo Campos defendeu se comprometeu com a tributação diferenciada dos biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis. Segundo ele, isso pode ser feito sem aumento de impostos. E a receita gerada pelo que chamou de "valorização dos biocombutíveis" seria investida na melhoria da mobilidade urbana.
"Precisamos fazer com que essa receita dialogue com um setor que é muito importante para quebrar preconceitos entre o campo e a cidade, entre a juventude urbana e os que produzem."
Campos destacou ainda a necessidade de se investir na cogeração de energia como fonte de receita para as usinas; de investimentos em tecnologia para aumentar a eficiência dos motores movidos a etanol.
Mais mercados
Sobre a economia de uma forma geral, Eduardo Campos defendeu uma política macroeconômica consistente, com o controle da inflação, por exemplo, tendo como foco o centro da meta, hoje em 4,5%.Destacou que é preciso uma ação "de estado" no comércio exterior, visando abrir mais mercados. Para ele, o Brasil deve ser mais ativo e debater "de maneira própria" ou perderá oportunidades.
O pré-candidato se comprometeu ainda a dialogar diretamente com o agronegócio que, na avaliação dele, tem interfaces em várias áreas do governo e, muitas vezes, não encontra porta aberta para resolver suas questões.
"O presidente da República não pode terceirizar a atenção. E a gente precisa ter a relação direta com o setor."
O evento do setor sucroenergético, em São Paulo, teve também a presença do pré-candidato do PSDB, Aécio Neves. Estava prevista também a participação da presidente e pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), mas ela não compareceu. Dilma esteve em uma cerimônia oficial da Copa do Mundo, em Brasília, com o presidente da Fifa, Joseph Blatter.
RAPHAEL SALOMÃO