Unica critica reajuste dos combustíveis e diz que não adiantará nada para as usinas
No que depender da principal entidade que defende as usinas, serão maiores os prejuízos eleitorais da presidente Dilma Rousseff gerados pelo reajuste no preço da gasolina anunciado nesta sexta-feira.
Com um texto crítico, semelhante ao divulgado no reajuste anterior, no início do ano, a Unica argumentou que qualquer benefício do aumento da gasolina será eliminado por causa do reajuste de 8% no preço do diesel.
"O impacto da alta do diesel no custo de produção do etanol é muito significativo. Devido ao grau de mecanização hoje na atividade agrícola, o diesel mais caro afeta plantio, colheita, carregamento e transporte. É um dos insumos mais importantes para a produção do biocombustível de cana," disse o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues. Ele lembra também que o aumento no custo do diesel provoca alta nos custos de outros insumos importantes para a produção do etanol.
Este é o argumento principal da entidade, que não chegou a apresentar nenhum número que reforçasse a afirmação. Mas intensificou a crítica: "Além de tudo isso, a lei determina que a partir de 2014 as usinas terão que adquirir o S10, versão menos poluente do diesel e ainda mais cara. Assim, qualquer ganho de competitividade para o etanol com o aumento no preço da gasolina será praticamente neutralizado pelo aumento que o diesel vai gerar nos custos de produção."
A Unica mostrou que de nada adiantou a coação que sofreu anteriormente, quando o governo ameaçou suspender o pacote de incentivos lançado se não tivesse o apoio oficial da instituição. E, dessa vez, parecendo querer sensibilizar a sociedade citou o sustento da Petrobras com dinheiro da população: "A Petrobras enfrenta aumentos em seus custos de produção de gasolina da mesma forma que o setor sucroenergético, que paga mais por insumos, equipamentos, salários mais altos, encargos e terras. A diferença é que as perdas da Petrobras são acomodadas pelo governo com dinheiro público, enquanto as perdas do setor sucroenergético resultam em prejuízo para as empresas que produzem etanol, e perdas para toda a sociedade, como o aumento nos custos da saúde pública e a piora na qualidade do ar com o aumento no uso da gasolina e diminuição no uso do etanol, principalmente nas áreas urbanas."
A entidade criticou a opção da estatal de não divulgar como será a metodologia adotada pelo governo para os próximos reajustes, que segundo a Petrobras serão "estritamente internos à companhia."
"Continuamos sem um sistema, uma fórmula com parâmetros claros e estáveis, que torne possível entender qual o embasamento para manter ou ajustar o preço da gasolina. Sem essa clareza e apenas com ajustes pontuais de forma aleatória, não é possível planejar um futuro com rentabilidade para o etanol," explica o diretor da Unica.
A intenção do governo é evitar que os reajustes acabassem se tornando um mecanismo indesejado de indexação de preço por outros setores, um dos problemas nos anos 90 que acabou gerando hiperinflação.
Segundo o executivo, a introdução de aumentos sem um critério claro e que não sofra alterações leva à falta de previsibilidade, o que mantém um grau elevado de insegurança e afugenta investimentos de longo prazo, principalmente na implantação de novas usinas: "O setor sucroenergético continua investindo em logística, infraestrutura, ampliação e renovação de canaviais e em novas tecnologias para melhorar a produtividade das usinas existentes. Isso tudo permite pequenos ganhos no volume de etanol produzido, mas não o suficiente para acompanhar a evolução da demanda projetada para os próximos anos."
Para a Unica, a pergunta que fica é a mesma que vem impedindo que o setor sucroenergético possa planejar ações futuras: afinal, quando acontecerá o próximo reajuste da gasolina? "É uma situação que afeta diretamente a rentabilidade da produção de etanol. Sem rentabilidade, não há como esperar que as empresas façam investimentos em novas unidades. Uma usina leva em média três anos para ficar pronta, e outros dois para operar a toda capacidade. Em cinco anos, a única perspectiva que existe hoje para quem se aventurar a construir uma nova usina é o prejuízo," acrescentou Rodrigues, lembrando que neste momento, não há encomendas para novas usinas no Brasil. Entre 2002 e 2010, mais de 100 novas usinas foram inauguradas no país.
novaCana.com
Com informações da Unica