CBios atingem novo recorde na segunda quinzena de maio, a R$ 130
No período, 4,86 milhões de créditos foram negociados; ao mesmo tempo, as usinas certificadas no RenovaBio emitiram 1,97 milhões
Os preços dos créditos de carbono (CBios) do programa RenovaBio se mantém em um crescimento constante. Na segunda quinzena de maio, os papéis foram negociados entre R$ 100,30 e R$ 130.
O valor mais alto, registrado no último dia do mês, também é um novo recorde para o programa, que está em vigor desde 2020.
Os dados fazem parte do acompanhamento do mercado de CBios realizado pela bolsa de valores brasileira (B3), única entidade registradora do programa.
Conforme cálculos do NovaCana realizados a partir dos dados da B3, o valor médio da quinzena ficou em R$ 113,46 por CBio.
Este preço está 106,5% acima da média histórica do programa, de R$ 54,95. Além disso, ele é 187,3% superior à média de 2021, de R$ 39,31 e 20,1% maior que o acumulado de 2022, de R$ 94,45. Já na comparação quinzenal, o acréscimo é de 4,2%, mantendo a tendência de alta neste ano.
Desde a implantação das negociações, em junho de 2020, os CBios foram vendidos entre R$ 15 e R$ 130. Este ano, por sua vez, os preços variaram entre R$ 31,99 e R$ 130.
Além disso, na quinzena, 4,86 milhões de créditos foram negociados, alta de 79,6% em comparação com os 2,71 milhões da quinzena anterior e de 180,3% em relação aos 1,73 milhão de CBios negociados no mesmo período do ano passado.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Levando em conta a oscilação dos preços dos créditos, o Ministério de Minas e Energia (MME) realizou uma consulta pública para criar o mecanismo de contratos a termo – e o mercado financeiro já iniciou um processo para lançar esta modalidade. Neste caso, o vendedor e o comprador fixam o preço de uma negociação que ainda irá ocorrer.
Mais emissões
Apesar do ritmo mais lento neste início de safra, a produção de etanol foi retomada – inclusive com mais matéria-prima sendo direcionada ao biocombustível –, o que reflete na quantidade de títulos de descarbonização gerados na quinzena.
Nas últimas duas semanas de maio foram emitidos 1,97 milhão de CBios, alta de 29,1% ante os 1,53 milhão registrados no mesmo período de 2021. Na comparação com o começo do mês, por sua vez, a elevação foi de 88,7%.
Com isto a quantidade de títulos gerados em 2022 chegou a 12,25 milhões. Apesar do aumento na quinzena, o total está 1,1% abaixo dos 12,39 milhões de créditos vistos há um ano.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre janeiro e maio, as usinas certificadas no RenovaBio cadastraram notas fiscais suficientes para a geração de 12,3 milhões de CBios. A expectativa é que 41,76 mil créditos excedentes cheguem ao mercado nos próximos dias.
Desde o estabelecimento do RenovaBio até o momento, cerca de 61,75 milhões de créditos entraram no programa.
Ainda segundo a ANP, 312 unidades participam do RenovaBio. Destas, três fabricam biometano e outras 32, biodiesel. Dentre as 277 usinas de etanol certificadas, 267 utilizam apenas a cana-de-açúcar como matéria-prima; cinco processam cana e milho; quatro, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Posse e aposentadoria dos créditos
Além do número de CBios gerados em 2022, o setor ainda conta com os créditos excedentes do ano anterior. Assim, ao final da segunda quinzena de maio, 19,69 milhões de títulos estavam em circulação.
Destes, 80,8% estavam em posse das distribuidoras com metas a cumprir, totalizando 15,91 milhões de créditos. Já as usinas certificadas no programa detinham 3,53 milhões de CBios, equivalente a 17,9% do total. Os 256,35 mil títulos restantes (1,3%) estavam com investidores sem metas.
Para completar, 3,02 milhões de créditos já foram aposentados no ano – destes, 190,21 mil deixaram de circular na segunda quinzena de maio. Este volume equivale a 8,4% da meta oficial do RenovaBio para 2022, de 35,98 milhões.
Considerando tanto os papéis em circulação quanto os aposentados ao longo de 2022, o número de títulos disponibilizados ao mercado sobe para 22,71 milhões. Neste caso, o montante é suficiente para o cumprimento de 63,1% da meta.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa. Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
Giully Regina – NovaCana