As Perspectivas da Cana em 2013/14
O portal novaCana.com apresenta abaixo as perspectivas do setor sucroalcooleiro na visão de um dos maiores especialistas do mercado: Marcos Fava Neves.
Fava Neves assinará regularmente uma coluna exclusiva para este portal. Nas próximas semanas anunciaremos outros artigos de importantes personalidades sucro-energéticas. Para não perder as próximas colunas e reportagens exclusivas do portal novaCana.com, basta colocar aqui seu email.
Em relação à produção de cana, fechamos a safra 2012/13 já em ligeira recuperação. A moagem no Centro-Sul ficou próxima a 540 milhões de toneladas, um crescimento ao redor de 7% em relação à safra anterior, porém com produtividade 1% menor em ATR. No ciclo 2013/14 as estimativas indicam que a safra de cana deve chegar a 580/590 milhões de toneladas no Centro-Sul. Com uma produção esperada em quase 60 milhões de toneladas no Nordeste, o Brasil colherá a maior safra de cana da história, cerca de 640 milhões de toneladas – ainda aquém, porém, do potencial de consumo existente na frota flex e aquém do necessário para voltarmos a conquistar mais de 50% do mercado mundial de açúcar.
O clima, bem como os investimentos feitos em renovação, vêm contribuindo para que possamos ter melhor produtividade também. Espera-se que a produtividade possa voltar a se aproximar dos patamares de 80 toneladas/hectare, consequentemente com alguma redução nos custos de produção, que se tornaram insustentáveis nos últimos anos.
A produção de açúcar no Centro-Sul, que nesta safra foi de pouco mais de 34 milhões de toneladas, quase 9% maior que no ciclo 11/12, deve chegar a 36 milhões de toneladas nesta nova safra no Brasil, mas é uma previsão complicada, pois tal produção é muito suscetível ao que acontecerá no mercado de etanol, onde as variáveis são de maior interferência e menos controláveis pelo setor privado.
Existe uma previsão de superávit de cerca de 7 milhões de toneladas no mercado mundial de açúcar, que deve contribuir para manter os preços próximos a US$ 0,20/libra-peso. O consumo segue forte na Ásia, devido a seu crescimento econômico e urbanização, e devemos ter boas importações originárias da China, Indonésia e outros países. Estima-se inclusive que já neste ano a Indonésia possa se tornar o maior importador mundial, com mais de 3 milhões de toneladas. Suas importações estão crescendo 10% ao ano. Como sempre, resta torcer pelo consumo, uma vez que o mundo deve crescer mais em 2013 que no conturbado ano de 2012.
Para comentar do etanol – onde, na minha visão, revela-se uma das maiores miopias do governo federal – antes temos que contar a triste história da gasolina em 2012. As importações de gasolina em 2012 foram de quase 3,8 bilhões de litros, 70% a mais que em 2011. Isto representou um desfalque de US$ 2,91 bilhões para a balança comercial brasileira em importações que poderiam ter sido evitadas. Comparando-se com 2011, o Brasil importou US$ 1,3 bilhão a mais em gasolina, algo absolutamente desnecessário se um bom planejamento tivesse ocorrido. Eu mesmo alerto sobre isso há quatro anos em textos na grande mídia.
Ao vender a preços inferiores aos pagos no mercado internacional, a defasagem por litro superou 30 centavos em média, o que comprometeu fortemente a capacidade de investimento e o valor da Petrobras. Parece que finalmente o governo foi sensibilizado por esse fato. Já foi veiculado o aumento de 7% para a gasolina, o que deve permitir alguma recuperação de margens e trazer ainda um maior consumo do hidratado pelos brasileiros. É um alento ao setor e à Petrobras. Pena que tenha vindo tão tarde, pois os prejuízos são enormes.
A volta da mistura na gasolina para 25% deve ocorrer ainda em maio/junho, o que pode trazer um consumo adicional de etanol de quase 2 bilhões de litros, além de contribuir para o caixa da Petrobras e ajudar para um menor impacto inflacionário. Como a safra deve começar mais cedo, o quanto antes forem anunciadas essas medidas, mais ganhará o Brasil pelos seus efeitos no mercado. É um governo teimoso – isto vem sendo dito há três anos. Se essas medidas viessem antes, a situação da Petrobras, da balança comercial e do setor de cana seriam muito mais saudáveis.
A produção de etanol na safra que se encerra no Centro-Sul foi de pouco mais de 21 bilhões de litros, quase 4% a mais que no ciclo anterior. Foram quase 9 bilhões de litros no anidro (cerca de 18% a mais que em 11/12) e 12 bilhões para o hidratado. Foi uma safra em que 50,3% da cana foi destinada a etanol.
Existem boas perspectivas de continuar a exportação de etanol para os EUA, um mercado de quase 50 bilhões de litros, onde o Brasil ocupou pouco mais de 3 bilhões de litros em 2012, representando importantes US$ 2,2 bilhões na balança comercial brasileira. Especialistas em clima dizem que a seca que atingiu a área produtora de milho americana em 2012 será mais frequente. Os estoques de grãos estão relativamente baixos, o que deverá manter os preços do milho em patamares mais altos. O Departamento de Agricultura (Usda) estima uma produção de etanol 10% menor nos EUA em 2013, algo próximo a 12,6 bilhões de galões, abrindo importante janela para a colocação de etanol brasileiro.
De tal forma, acredito que um impulso no etanol e uma safra bem mais alcooleira podem interferir já nos preços do açúcar e trazê-los de volta a patamares remuneradores, o que seria um alento para o setor e para as exportações.
Outro fator que deve jogar favoravelmente é que a Índia está iniciando um programa de adição de 5% de etanol em sua gasolina, o que deve também contribuir para a redução na oferta de cana.
No tocante à cogeração, estamos aí mais uma vez frente a uma possibilidade, ainda que remota, de racionamento de energia no Brasil. Mesmo que este não aconteça, estamos desperdiçando rios de recursos com as poluentes termoelétricas. Mais uma vez o país é surpreendido, pela sua dificuldade de planejar.
O BNDES concedeu US$ 350 milhões em 2012 para investimentos em cogeração, um número 18% menor que o volume de 2011. Estima-se que o custo desta energia esteja ao redor de R$ 150/MWh, muito acima dos preços de R$ 100/MWh ofertados em 2012.
Talvez o risco de apagão e o enorme custo político que isso trará possam sensibilizar o governo para a questão da eletricidade vinda da cana. As ferramentas de políticas públicas (estímulo financeiro aos investimentos, diferenciação na tributação, investimentos em transmissão) estão amplamente disponíveis ao governo. Estima-se que o setor hoje possa fornecer 6,5 mil MW, mas oferece cerca de 10% desse potencial. O impressionante é que em toda esta crise que aí está colocada, pouco se fala da capacidade do setor sucroenergético de suprir o equivalente a uma Itaipu, ou três Belo-Montes. Trata-se de mais uma miopia.
Entre os movimentos empresariais de destaque no período, vale ressaltar a compra, pela São Martinho, dos ativos agrícolas da Dreyfus na usina de São Carlos por um múltiplo próximo a US$ 50/tonelada. É um movimento que mostra que na produção de cana teremos uma concentração e especialização cada vez mais fortes, trazendo grandes mudanças.
Com todas as dificuldades existentes, foi anunciado pela Adecoagro um greenfield para processar 4 milhões de toneladas de cana na cidade de Ivinhema (MS). O grupo espera moer 9,3 milhões de toneladas em 2014. Obteve o financiamento do BNDES, na casa de US$ 480 milhões. É um sinal de que os investimentos estão voltando. O BNDES também deu declarações de que espera para 2013 a volta de investimentos. Não é possível que um setor tão crucial para o desenvolvimento brasileiro tenha tido, em 2012, um desembolso pelo BNDES de R$ 4,2 bilhões, quase 30% a menos que o valor investido em 2011. Algo está errado.
Vale destacar também os movimentos feitos pela Copersucar, que pelo controle da trading americana Eco-Energy, já conta com quase 20 usinas nos EUA (com contratos de exclusividade na comercialização do etanol). Um volume de 10 bilhões de litros levou a empresa a ter uma participação mundial de 12% no etanol comercializado em 2012, devendo chegar a 12,5 bilhões de litros em 2013. Tal como se observou nos setores de suco de laranja, carne bovina e frango, é uma empresa do Brasil avançando na comercialização mundial.
Outro assunto que voltou à tona nestas férias foi o da eficiência dos motores a etanol. Esta é de 68% em relação à gasolina, segundo o Inmetro, em ampla pesquisa. O melhor motor, de 327 modelos testados, teve apenas 72,8% de eficiência. A indústria automobilística está definitivamente nos devendo uma solução melhor, ainda mais quando o carro flex comemora já dez anos de vida.
Uma boa notícia é que a mecanização já atingiu 85% da colheita e 53% do plantio no Centro-Sul do Brasil. De acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o setor de cana já investiu R$ 14 bilhões neste processo, o que mostra o compromisso da cana com o setor público e com a modernidade, mesmo que a um custo e com perdas elevadas de produtividade, que foram totalmente absorvidas pelo setor privado.
Para concluir, acredito que superamos o fundo do poço no primeiro semestre de 2012, e que 2013 será melhor. A mensagem final é a de que quanto antes o governo anunciar o aumento da gasolina e da mistura do etanol para 25%, maiores serão os benefícios colhidos na balança comercial brasileira, pois substituiremos gasolina importada com produto nacional e aumentaremos os preços do açúcar no mercado mundial, recebendo mais pelas nossas exportações. Pode-se até receber o mesmo volume de recursos exportando menor quantidade de açúcar. Fora isso, trará a retomada de investimentos, revigorando o setor de bens de capital, gerando empregos e desenvolvimento no interior do Brasil. Coragem, minha gente!
MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.
Atenção: Este texto pode ser reproduzido desde que, OBRIGATORIAMENTE, tenha um link para esta página.
Fava Neves assinará regularmente uma coluna exclusiva para este portal. Nas próximas semanas anunciaremos outros artigos de importantes personalidades sucro-energéticas. Para não perder as próximas colunas e reportagens exclusivas do portal novaCana.com, basta colocar aqui seu email.
As Perspectivas da Cana em 2013/14
Este artigo tem como objetivo compartilhar as visões para a próxima safra, que se inicia em abril/maio deste ano, a chamada safra 13/14. Divido a análise em relação a produção de cana, produção e mercado de açúcar, de etanol, cogeração e outros aspectos relevantes ao momento do setor sucroenergético, concluindo com algum otimismo.Em relação à produção de cana, fechamos a safra 2012/13 já em ligeira recuperação. A moagem no Centro-Sul ficou próxima a 540 milhões de toneladas, um crescimento ao redor de 7% em relação à safra anterior, porém com produtividade 1% menor em ATR. No ciclo 2013/14 as estimativas indicam que a safra de cana deve chegar a 580/590 milhões de toneladas no Centro-Sul. Com uma produção esperada em quase 60 milhões de toneladas no Nordeste, o Brasil colherá a maior safra de cana da história, cerca de 640 milhões de toneladas – ainda aquém, porém, do potencial de consumo existente na frota flex e aquém do necessário para voltarmos a conquistar mais de 50% do mercado mundial de açúcar.
O clima, bem como os investimentos feitos em renovação, vêm contribuindo para que possamos ter melhor produtividade também. Espera-se que a produtividade possa voltar a se aproximar dos patamares de 80 toneladas/hectare, consequentemente com alguma redução nos custos de produção, que se tornaram insustentáveis nos últimos anos.
A produção de açúcar no Centro-Sul, que nesta safra foi de pouco mais de 34 milhões de toneladas, quase 9% maior que no ciclo 11/12, deve chegar a 36 milhões de toneladas nesta nova safra no Brasil, mas é uma previsão complicada, pois tal produção é muito suscetível ao que acontecerá no mercado de etanol, onde as variáveis são de maior interferência e menos controláveis pelo setor privado.
Existe uma previsão de superávit de cerca de 7 milhões de toneladas no mercado mundial de açúcar, que deve contribuir para manter os preços próximos a US$ 0,20/libra-peso. O consumo segue forte na Ásia, devido a seu crescimento econômico e urbanização, e devemos ter boas importações originárias da China, Indonésia e outros países. Estima-se inclusive que já neste ano a Indonésia possa se tornar o maior importador mundial, com mais de 3 milhões de toneladas. Suas importações estão crescendo 10% ao ano. Como sempre, resta torcer pelo consumo, uma vez que o mundo deve crescer mais em 2013 que no conturbado ano de 2012.
Para comentar do etanol – onde, na minha visão, revela-se uma das maiores miopias do governo federal – antes temos que contar a triste história da gasolina em 2012. As importações de gasolina em 2012 foram de quase 3,8 bilhões de litros, 70% a mais que em 2011. Isto representou um desfalque de US$ 2,91 bilhões para a balança comercial brasileira em importações que poderiam ter sido evitadas. Comparando-se com 2011, o Brasil importou US$ 1,3 bilhão a mais em gasolina, algo absolutamente desnecessário se um bom planejamento tivesse ocorrido. Eu mesmo alerto sobre isso há quatro anos em textos na grande mídia.
Ao vender a preços inferiores aos pagos no mercado internacional, a defasagem por litro superou 30 centavos em média, o que comprometeu fortemente a capacidade de investimento e o valor da Petrobras. Parece que finalmente o governo foi sensibilizado por esse fato. Já foi veiculado o aumento de 7% para a gasolina, o que deve permitir alguma recuperação de margens e trazer ainda um maior consumo do hidratado pelos brasileiros. É um alento ao setor e à Petrobras. Pena que tenha vindo tão tarde, pois os prejuízos são enormes.
A volta da mistura na gasolina para 25% deve ocorrer ainda em maio/junho, o que pode trazer um consumo adicional de etanol de quase 2 bilhões de litros, além de contribuir para o caixa da Petrobras e ajudar para um menor impacto inflacionário. Como a safra deve começar mais cedo, o quanto antes forem anunciadas essas medidas, mais ganhará o Brasil pelos seus efeitos no mercado. É um governo teimoso – isto vem sendo dito há três anos. Se essas medidas viessem antes, a situação da Petrobras, da balança comercial e do setor de cana seriam muito mais saudáveis.
A produção de etanol na safra que se encerra no Centro-Sul foi de pouco mais de 21 bilhões de litros, quase 4% a mais que no ciclo anterior. Foram quase 9 bilhões de litros no anidro (cerca de 18% a mais que em 11/12) e 12 bilhões para o hidratado. Foi uma safra em que 50,3% da cana foi destinada a etanol.
Existem boas perspectivas de continuar a exportação de etanol para os EUA, um mercado de quase 50 bilhões de litros, onde o Brasil ocupou pouco mais de 3 bilhões de litros em 2012, representando importantes US$ 2,2 bilhões na balança comercial brasileira. Especialistas em clima dizem que a seca que atingiu a área produtora de milho americana em 2012 será mais frequente. Os estoques de grãos estão relativamente baixos, o que deverá manter os preços do milho em patamares mais altos. O Departamento de Agricultura (Usda) estima uma produção de etanol 10% menor nos EUA em 2013, algo próximo a 12,6 bilhões de galões, abrindo importante janela para a colocação de etanol brasileiro.
De tal forma, acredito que um impulso no etanol e uma safra bem mais alcooleira podem interferir já nos preços do açúcar e trazê-los de volta a patamares remuneradores, o que seria um alento para o setor e para as exportações.
Outro fator que deve jogar favoravelmente é que a Índia está iniciando um programa de adição de 5% de etanol em sua gasolina, o que deve também contribuir para a redução na oferta de cana.
No tocante à cogeração, estamos aí mais uma vez frente a uma possibilidade, ainda que remota, de racionamento de energia no Brasil. Mesmo que este não aconteça, estamos desperdiçando rios de recursos com as poluentes termoelétricas. Mais uma vez o país é surpreendido, pela sua dificuldade de planejar.
O BNDES concedeu US$ 350 milhões em 2012 para investimentos em cogeração, um número 18% menor que o volume de 2011. Estima-se que o custo desta energia esteja ao redor de R$ 150/MWh, muito acima dos preços de R$ 100/MWh ofertados em 2012.
Talvez o risco de apagão e o enorme custo político que isso trará possam sensibilizar o governo para a questão da eletricidade vinda da cana. As ferramentas de políticas públicas (estímulo financeiro aos investimentos, diferenciação na tributação, investimentos em transmissão) estão amplamente disponíveis ao governo. Estima-se que o setor hoje possa fornecer 6,5 mil MW, mas oferece cerca de 10% desse potencial. O impressionante é que em toda esta crise que aí está colocada, pouco se fala da capacidade do setor sucroenergético de suprir o equivalente a uma Itaipu, ou três Belo-Montes. Trata-se de mais uma miopia.
Entre os movimentos empresariais de destaque no período, vale ressaltar a compra, pela São Martinho, dos ativos agrícolas da Dreyfus na usina de São Carlos por um múltiplo próximo a US$ 50/tonelada. É um movimento que mostra que na produção de cana teremos uma concentração e especialização cada vez mais fortes, trazendo grandes mudanças.
Com todas as dificuldades existentes, foi anunciado pela Adecoagro um greenfield para processar 4 milhões de toneladas de cana na cidade de Ivinhema (MS). O grupo espera moer 9,3 milhões de toneladas em 2014. Obteve o financiamento do BNDES, na casa de US$ 480 milhões. É um sinal de que os investimentos estão voltando. O BNDES também deu declarações de que espera para 2013 a volta de investimentos. Não é possível que um setor tão crucial para o desenvolvimento brasileiro tenha tido, em 2012, um desembolso pelo BNDES de R$ 4,2 bilhões, quase 30% a menos que o valor investido em 2011. Algo está errado.
Vale destacar também os movimentos feitos pela Copersucar, que pelo controle da trading americana Eco-Energy, já conta com quase 20 usinas nos EUA (com contratos de exclusividade na comercialização do etanol). Um volume de 10 bilhões de litros levou a empresa a ter uma participação mundial de 12% no etanol comercializado em 2012, devendo chegar a 12,5 bilhões de litros em 2013. Tal como se observou nos setores de suco de laranja, carne bovina e frango, é uma empresa do Brasil avançando na comercialização mundial.
Outro assunto que voltou à tona nestas férias foi o da eficiência dos motores a etanol. Esta é de 68% em relação à gasolina, segundo o Inmetro, em ampla pesquisa. O melhor motor, de 327 modelos testados, teve apenas 72,8% de eficiência. A indústria automobilística está definitivamente nos devendo uma solução melhor, ainda mais quando o carro flex comemora já dez anos de vida.
Uma boa notícia é que a mecanização já atingiu 85% da colheita e 53% do plantio no Centro-Sul do Brasil. De acordo com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o setor de cana já investiu R$ 14 bilhões neste processo, o que mostra o compromisso da cana com o setor público e com a modernidade, mesmo que a um custo e com perdas elevadas de produtividade, que foram totalmente absorvidas pelo setor privado.
Para concluir, acredito que superamos o fundo do poço no primeiro semestre de 2012, e que 2013 será melhor. A mensagem final é a de que quanto antes o governo anunciar o aumento da gasolina e da mistura do etanol para 25%, maiores serão os benefícios colhidos na balança comercial brasileira, pois substituiremos gasolina importada com produto nacional e aumentaremos os preços do açúcar no mercado mundial, recebendo mais pelas nossas exportações. Pode-se até receber o mesmo volume de recursos exportando menor quantidade de açúcar. Fora isso, trará a retomada de investimentos, revigorando o setor de bens de capital, gerando empregos e desenvolvimento no interior do Brasil. Coragem, minha gente!
MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.
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