2012 foi mais um ano de sufoco para o setor sucroalcooleiro, que ainda sente os reflexos da crise de 2008, que deixou as usinas sem crédito, justamente quando haviam assumido volumosas dívidas para investir em aumento da produção. De lá para cá, os tempos de bonança ficaram para trás e o etanol passou de "queridinho do consumidor" para o "esquecido nas bombas", resultado do incremento no custo do biocombustível, ao mesmo tempo que seu principal concorrente, a gasolina, seguiu com os preços congelados na refinaria, em meio à tentativa do governo de segurar a inflação.
O resultado não poderia ser diferente: o proprietário do veículo flex desistiu de abastecer com etanol e o consumo de gasolina vem batendo sucessivos recordes, o que obrigou a Petrobras a incrementar as importações e contribuiu para que um quase caos logístico se instalasse no país.
Só no ano passado, o mercado de etanol hidratado perdeu quase 1 milhão de metros cúbicos em vendas, totalizando 9,9 milhões de metros cúbicos comercializados nos postos de todo o país. Com isso, o faturamento resultante do consumo de etanol diminuiu 11%, somando R$ 19,1 bilhões. Engessada pela crise do setor, a arrecadação tributária também teve retração de 6% no ano passado, totalizando R$ 4,2 bilhões. A receita do PIS/ Cofins no período caiu 8% e a do ICMS, 5%.
E, mesmo com as medidas de ajuda ao setor que vêm sendo anunciadas pelo governo, as perspectivas são de que as turbulências só diminuam no médio prazo. De qualquer forma, o cenário ainda é de otimismo para este mercado. A expectativa é de que, ao longo dos próximos dez anos, o conjunto das fontes renováveis de energia no país crescerá a uma taxa média de 5,1% ao ano, o que significa dizer que vai passar de 43,1% na matriz energética brasileira para 45% em 2021. Obviamente, o etanol tem papel preponderante nessa fatia de mercado. Espera-se um crescimento médio de 8,1% ao ano dos derivados da cana-de-açúcar, incluindo o etanol.
Se o hidratado não tem conseguido conquistar consumidores nas bombas, no front do anidro o céu também não é de brigadeiro. Apesar da demanda recorde por gasolina, as usinas se ressentem da redução no percentual de mistura obrigatória, de 25% para 20%, que vigorou de outubro de 2011 até abril de 2013. Estima- -se que a medida fez com que quase 500 milhões de litros de anidro fossem transformados em hidratado, trazendo prejuízo aos produtores.
INFOGRÁFICO 1 - Volume comercializado pela revenda
INFOGRÁFICO 2 - Faturamento
INFOGRÁFICO 3 - Arrecadação Tributária
São Paulo segue ostentando a menor alíquota de ICMS, de 12%. Alagoas, Espírito Santo e Sergipe mantiveram a primeira colocação, com 27% de alíquota. As mudanças ficaram por conta da região Sudeste. Minas Gerais apresentou redução de 3 pontos na comparação com 2011, para 19%. No Rio de Janeiro, a alíquota permaneceu em 24%, mas, a partir de setembro, houve mudança somente para a produção, agora em 2%. Mais da metade dos estados permaneceram no patamar dos 25%. No Norte do país, o Pará atingiu o maior nível, 26%. Já no Centro-Oeste, Goiás teve o menor índice, 22%.
INFOGRÁFICO 4 - Alíquota de ICMS
Assim como em 2011, os postos bandeira branca continuaram perdendo espaço no mercado. Naquele ano, eles foram responsáveis por 44% do volume de hidratado comercializado. Em 2012, esse percentual caiu para 38,8%. Já os embandeirados responderam por 59,2% nas vendas do hidratado, um crescimento de 3,2 pontos percentuais ante 2011. Parte desse movimento se deve à maior formalização do setor de etanol, que tirou do mercado distribuidoras inidôneas e deu maior poder de fogo para as grandes companhias. Destaque para a Ipiranga, que apresentou aumento de um ponto percentual em relação ao ano anterior, ficando com a fatia de 17,6% do mercado. Já a BR registrou queda de 1,2 ponto percentual.
GRÁFICO 1 - Composição das vendas por tipo de bandeira
GRÁFICO 2 - Market Share das distribuidoras
Produzido e publicado pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) em julho de 2013